Por EloInsights
- Relatório destaca uma mudança de foco nas unidades de CVC para a geração de novos negócios, com resultados mais imediatos.
- Pesquisa revela que a gestão das unidades de CVC é frequentemente reportada aos CEOs e CIOs, reforçando a importância estratégica dessas iniciativas.
- Documento aponta ainda para uma necessidade de promoção da diversidade de gênero dentro das equipes de CVC no Brasil.
Nos últimos anos, o Corporate Venture Capital (CVC) ganhou terreno no Brasil como instrumento adotado por grandes empresas para se conectar com o ecossistema empreendedor, acessar tecnologias e modelos de negócio inovadores, incorporar talentos e diversificar portfólio. No Brasil, o CVC tem se consolidado como uma ferramenta-chave para corporações que desejam se posicionar à frente na inovação tecnológica e dos negócios como um todo, além de obter retornos financeiros significativos.
É neste contexto que a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP) lança a edição 2023 de sua pesquisa sobre o mercado brasileiro de Corporate Venture Capital, produzida junto a nós da EloGroup mais Fundação Dom Cabral, ApexBrasil, Global Corporate Venturing (GCV) e Vivo Ventures/Wayra.
O ano de 2023 foi desafiador para o setor de Venture Capital, afetando diretamente as atividades de CVC. Observou-se a criação de apenas cinco novos fundos de CVC no país, evidenciando uma retração nos investimentos. Este cenário ressalta a necessidade de uma adaptação ágil às dinâmicas de mercado e a busca por abordagens de investimento mais resilientes.
“O relatório da ABVCAP é muito importante para fornecer às empresas uma referência com a qual elas possam se comparar”, diz Jaime Frenkel, sócio e diretor-executivo da EloGroup. “Tanto para as empresas que ainda não aderiram ao CVC e estão avaliando a situação do mercado para decidir se é o momento certo para entrar, quanto para as empresas que já estão envolvidas e desejam comparar suas práticas com as de seus pares. O relatório analisa diversos aspectos, como o tempo necessário para concluir deals, o tamanho das equipes, práticas de remuneração etc.”
“Este relatório reflete as tendências recentes que temos observado no ecossistema de inovação em 2023, destacando uma desaceleração relativa”, diz Frenkel. “Os anos de 2021 e 2022 foram marcados por uma forte aceleração nos investimentos, com valuations bastante elevados, muitas vezes superiores ao que eram considerados valores justos. Atualmente, observamos uma desaceleração nesse ritmo. Esta mudança indica uma redução na disponibilidade de capital; no entanto, para investidores que possuem recursos e estão em condições de investir, este é um momento propício, pois os valuations estão mais baixos e as empresas têm maior capacidade de realizar negócios vantajosos e estratégicos.”
Uma novidade deste ano é que a pesquisa foi ampliada, integrando-a com a base de dados do GCV. Isso permitiu obter insights mais aprofundados e comparativos em relação às práticas globais. A pesquisa deste ano cobriu diversos aspectos como veículos de investimento, governança, teses de investimento, desenvolvimento de negócios, retorno sobre investimento, métricas de avaliação, dentre outros, alcançando um índice de resposta de 48% dos CVCs ativos no Brasil.
Este artigo traz alguns dos principais achados do relatório.
Perfil geográfico e setorial dos CVCs
No recorte setorial das empresas respondentes, a pesquisa demonstra ampla variedade de indústrias envolvidas em CVC. Serviços financeiros lideram com 43% das empresas participantes. A indústria, com 31% das respostas, e o setor de energia, com 23%, também mostram significativa atividade de CVC. Apenas 6% das empresas respondentes operam no segmento de mídia.
Já no recorte geográfico, 81% das empresas têm sua sede no Brasil, consolidando a forte presença nacional dentre as respondentes. As empresas restantes são predominantemente multinacionais, com sedes nos Estados Unidos, Ásia e Europa, refletindo um interesse crescente de investidores americanos e um avanço modesto de empresas asiáticas.
Percepções das condições de negócios
A avaliação das condições de negócios por parte das empresas envolvidas em Corporate Venture Capital no Brasil tende ao otimismo. Cerca de 42% das empresas participantes classificam as condições atuais como neutras, com notas entre 6 e 7.
Por outro lado, apenas 11% das empresas possuem uma visão negativa do mercado, atribuindo notas entre 4 e 5. Na outra ponta, uma significativa parcela de 48% das empresas mantém um forte otimismo, com notas de 8 a 10. Essa percepção positiva está alinhada com a resiliência econômica geral e pode ser um indicativo de confiança na abertura e expansão de novas unidades de CVC no país.
Evolução de prioridades
Em 2023, uma mudança significativa marcou as prioridades nos programas de Corporate Venture Capital no Brasil. “Geração de novos negócios” despontou como a principal prioridade, no lugar de “Preparação para futuras disrupções”, que havia dominado no ano anterior. Este realinhamento reflete uma estratégia mais orientada para resultados imediatos e sustentáveis, indicando uma mudança no foco das empresas de CVC para uma abordagem mais ativa de geração de valor.
Na mesma linha, observou-se um aumento na importância atribuída aos objetivos de retorno financeiro e ao apoio aos negócios existentes, o que sugere uma evolução na estratégia das empresas investidoras, que agora buscam não apenas proteger-se contra incertezas futuras, mas também maximizar o potencial de seus atuais investimentos.
Dinâmica de prestação de contas
Na estrutura de governança dentro das unidades de Corporate Venture Capital no Brasil, a tendência é de reporte direto às principais lideranças executivas. Em 2023, a maioria das unidades de CVC (55%) reportava ao CEO (Chief Executive Officer), enquanto 24% estavam sob a supervisão do CIO (Chief Innovation Officer), consolidando o papel central desses líderes na gestão e orientação estratégica das atividades de CVC.
A representatividade dos CFOs (Chief Financial Officers) também aumentou significativamente, passando de 8% em 2022 para 21% em 2023. Este achado coincide com a tendência já revelada no ponto anterior, de que as estratégias de CVC têm estado mais alinhadas às perspectivas financeiras das corporações.
Desafios na promoção da diversidade
A composição de gênero nas equipes brasileiras de CVC possui uma predominância masculina, um padrão que não só persiste mas que se intensificou em 2023. Este ano, 67% das unidades de CVC relataram uma maioria masculina em suas equipes, um aumento em relação aos 57,3% observados em 2022. Apenas 25% dos respondentes indicaram uma distribuição mais equilibrada entre homens e mulheres em suas equipes.
Este é, portanto, um ponto de atenção. A diversidade é crucial para o desempenho e a eficácia organizacional. Equipes diversas trazem uma variedade maior de perspectivas e experiências, enriquecendo o processo de avaliação de investimentos e a tomada de decisão, com estudos sugerindo que a diversidade pode levar a uma performance superior.
Conclusão: caminhos de amadurecimento do CVC no Brasil
A pesquisa deste ano traz uma fotografia detalhada do processo de evolução e amadurecimento das práticas de Corporate Venture Capital no Brasil, com indícios importantes dos caminhos que esse mercado tem tomado, inclusive mediante aos desafios enfrentados pelo mercado de Venture Capital como um todo.
Nesse contexto, destaca-se, por exemplo, o ajuste estratégico que favorece resultados tangíveis e mais imediatos, com foco ampliado sobre a geração de valor substancial e sustentável. Além disso, a estrutura de prestação de contas, majoritariamente direcionada aos altos executivos como CEOs e CIOs, enfatiza a importância estratégica que as atividades de CVC assumiram dentro das corporações.
No entanto, um desafio persistente e significativo permanece na promoção de diversidade de gênero. A predominância masculina e a lenta progressão em direção à equidade de gênero não apenas refletem uma disparidade preocupante, mas também representam uma barreira à inovação e eficiência desses fundos.
Quer se aprofundar ainda mais nos detalhes sobre como se estruturaram os CVCs no Brasil em 2023? Acesse a pesquisa Corporate Venture Capital 2023!
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