EloGrouper vence concurso da Cordence Worldwide com projeto sobre Born Digital e Transição Energética

EloGroup: O que você pode nos contar sobre o tema do seu trabalho?

Luz: Produzir e consumir energia hoje responde por 3/4 das emissões globais de gases de efeito estufa. Isso movimenta o mercado para mudar o cenário com novos modelos de negócio, como biometano, hidrogênio verde, e gás natural, que no Brasil é o gás da transição energética. Construir esses modelos de negócio, capazes de lidar com novos padrões de consumo e infraestrutura complexa, exige o uso estratégico de tecnologia.

Negócios resilientes precisam tomar decisões embasadas em dados e contar com sistemas integrados para suportar flexibilidade de consumo, governança e processos eficientes. Uma das principais mensagens é que a transição energética é também uma transição digital. A tecnologia é um combustível para essas empresas.

A definição da visão do negócio precisa ser feita de forma conectada à visão de tecnologia. O problema surge quando empresas definem a estratégia sem pensar em como isso se reverbera em termos de sistema e arquitetura. É aí que surge o conceito do Born Digital, parte do título do artigo: o alinhamento entre tecnologia e estratégia desde o dia um.

Essa estratégia se materializa na anatomia de uma empresa digital, composta por quatro camadas: infraestrutura digital, sistemas de negócio, dados e automação, e inteligência artificial, que atuam como aceleradores da operação.

Um diferencial é conseguir dar visibilidade do que é possível em termos de soluções digitais (uso de inteligência artificial e automações) e organizar a construção dessa anatomia em diferentes horizontes de tempo. Nem tudo precisa estar pronto no dia um. O cronograma precisa ser factível e ter cadência de entrega, balanceando geração de valor com o momento da empresa.

EloGroup: Voltando ao início, o que fez você ter vontade de construir esse trabalho e participar do concurso da Cordence?

Luz: Para além do fato de que eu amo escrever, o que mais me motivou e brilhou meus olhos foi a oportunidade de falar sobre dois temas que considero fundamentais: a transição energética e a transformação digital.

Hoje, o setor de energia está no centro de várias discussões globais relacionadas à descarbonização, e essa iniciativa trouxe espaço para construir, além de uma pesquisa teórica, um trabalho capaz de mostrar como o mercado pode se preparar para o futuro no agora. 

Meu principal objetivo, no fim das contas, foi mostrar de forma concreta como tecnologia e inteligência artificial podem ser aplicadas a novos negócios que surgem para sustentar essa transição energética.

EloGroup: Como foi sua preparação e seu ajuste de rotina para esse projeto? Avançar em pesquisas e estudos foi necessário?

Luz: Para chegar ao resultado desse trabalho, eu diria que três coisas foram essenciais ao longo do processo: planejamento, rotina e disciplina. Eu tratei a construção desse material como um projeto à parte, onde eu tinha um tempo de dedicação no meu dia para focar especificamente nele, que normalmente era no meu terceiro turno, e dedicava um bloco fixo de horas com metas diárias muito bem estabelecidas.

Meu primeiro passo foi entender exatamente qual era o meu objetivo com esse artigo. Quais eram as hipóteses que eu tinha sobre esse tema? Quais eram as perguntas que precisavam ser respondidas para validar ou invalidar essas hipóteses? Usei essa clareza como meu grande mapa norteador do processo. Tudo que eu lia, pesquisava e escrevia se conectava com as questões que nasceram justamente do objetivo central do artigo.

Com esse enquadramento pronto, eu agora tinha clareza de onde eu queria chegar e o meu dia a dia era dividido em ler, escrever e revisar. Eu trabalhei com muitos versionamentos, a versão 1 estava longe do ideal, mas, por outro lado, chegar nela foi o que me permitiu ter uma visibilidade mais rápida do todo. O que faz a diferença é não parar, avançar um pouquinho todos os dias, equilibrando a criatividade com a disciplina.

E, por fim, uma última coisa que eu não posso deixar de falar é que essa jornada teve o apoio de pessoas que me ajudaram muito. Desde o início eu mapeei quem eram as pessoas que poderiam contribuir de diferentes formas, seja agregando em conhecimento ou dando feedbacks. 

Essa rede foi muito importante para aprender, garantir confiança e para que a entrega final conseguisse ser feita da forma que foi.

EloGroup: Seu projeto foi um dos vencedores do Insight Initiative da Cordence, que te deu a oportunidade de ir para Seul. Qual sua expectativa em relação à viagem e aos frutos que esse estudo renderá?

Luz: Eu ainda me pego assimilando que pude apresentar esse artigo em Seul e discutir um tema tão relevante que é a transição energética. O meu projeto não acabou, pelo contrário, ele está só começando. 

Minha principal expectativa com essa viagem era muito voltada para a troca, ter a oportunidade de ouvir diferentes pontos de vista e aprender com o que os outros países e consultorias da rede Cordence Worldwide estão fazendo. Foi uma chance de enriquecer ainda mais esse estudo.

Uma das hipóteses que o artigo confirma é o quanto as empresas ainda estão distantes de alcançar o potencial digital delas. Uma das pesquisas que eu me aprofundei, que é direcionada ao setor de energia, mostra que 1/4 das organizações não consegue evoluir iniciativas com uso de Inteligência Artificial por falta de expertise interna.

Cruzando isso com outros relatórios, fica claro que não é só uma questão de conhecimento, mas existe também uma lacuna de infraestrutura digital, governança de dados, que é o que habilita, por exemplo, uma análise preditiva para manutenção corretiva ou uma gestão inteligente de estoque e de abastecimento.

Quero continuar contribuindo para levar essa maturidade digital nos negócios. Em resumo, é seguir aprendendo, trocando e colocando esse chapéu de responsável em fazer com que esse debate avance de uma forma prática, consistente, que de fato as transições digital e energética consigam se impulsionar.

EloGroup: Conte um pouco sobre você para nós, Luz. Como chegou até aqui? Como foi a trajetória da sua carreira até a realização desse trabalho?

Luz: Eu sou de Recife, Pernambuco, e moro em São Paulo há quase um ano. Para me apresentar e contar como eu cheguei até aqui, e o que me levou a desenvolver esse trabalho, eu vou falar sobre a ótica de duas lentes muito importantes.

A primeira é que na minha vida fora do trabalho, eu cresci em um ambiente muito diferente do mundo corporativo. Meu pai é artista plástico, minha mãe formada em artes cênicas, meu padrasto educador, minha irmã uma cineasta. Crescer nesse meio me fez tomar muito gosto por ler, por escrever e aguçou em mim um lado criativo, explorador, muito forte desde nova.

Já, como profissional, eu digo que minha primeira escola foi o movimento empresa júnior, fugindo totalmente do meio artístico, passei 3 anos tomando muito gosto por resolver problemas, por colocar a mão na massa, fazer as coisas acontecerem. Foi depois dessa jornada que eu me encontrei na EloGroup, onde já estou há quase 4 anos e que eu considero minha segunda grande escola.

Foi aqui onde eu comecei a ter contato com projetos de transformação digital e mais especificamente nos últimos anos no mercado de energia. E, além disso, foi onde eu fui moldando esse compromisso em unir soluções tecnológicas e analíticas com estratégia.

No fim, eu acho que minha formação dentro e fora do trabalho se conectaram muito bem e moldaram a pessoa que eu sou hoje totalmente. Sou completamente alucinada por explorar e resolver problemas usando essa imaginação e criatividade para criar soluções concretas. E é isso que me move tanto na vida quanto no trabalho, que é vida também.

Abaixo você encontra o link para download da íntegra do artigo escrito por Luz, vencedora do Cordence Insight Initiative: