Por Lucas De Vivo e Marcus Couto
- Cordence Executive Meeting, realizado entre os dias 6 e 7 de maio, no Rio de Janeiro, reuniu cerca de 20 executivos líderes de 9 consultorias globais de gestão.
- A Cordence Worldwide é uma rede de consultorias independentes que colaboram e trabalham juntas em uma abordagem de parceria global.
- Objetivo do evento era promover troca de experiências e visões de futuro; trazer ainda mais robustez técnica, metodológica e estratégica para a aliança — e, consequentemente, para os nossos clientes.
Durante os dois dias do Cordence Executive Meeting, realizado entre os dias 6 e 7 de maio de 2025, no Rio de Janeiro, cerca de 20 executivos líderes de 9 consultorias globais de gestão se reuniram para trocar experiências e visões de futuro com objetivo de trazer ainda mais robustez técnica, metodológica e estratégica para a aliança — e, consequentemente, para os nossos clientes.
A Cordence Worldwide é uma rede de consultorias independentes que colaboram e trabalham juntas em uma abordagem de parceria global. Compartilhamos valores e experiência para criar soluções estratégicas que entregam vantagem competitiva real aos nossos clientes nas Américas, Ásia, Europa e Oriente Médio. São 60 escritórios em 19 países, somando mais de 5 mil consultores, desenvolvedores, cientistas e engenheiros.
Ao longo do Executive Meeting, sediado pela EloGroup pela primeira vez no Rio de Janeiro, algumas palavras e expressões foram especialmente discutidas pelos líderes participantes. Naturalmente, o tema Inteligência Artificial apareceu com destaque. Seu impacto e a incrivelmente veloz evolução dessa tecnologia nos últimos anos representam para clientes e para o mercado um fenômeno praticamente sem precedentes. Os executivos exploraram em profundidade os significados dessa mudança, e como empresas podem capturar valor real, ao mesmo tempo em que evitam armadilhas comuns.
Frank Van Es, diretor da holandesa TwynstraGudde, reconhece que “a IA é hoje um dos maiores vetores de transformação. Embora ainda haja algum receio e insegurança sobre o tema, vemos muitas oportunidades”, diz Van Es. “Na TG, acreditamos que a IA nos permite reforçar o foco nas habilidades humanas. Ou seja, ao automatizar tarefas e ampliar nossa capacidade analítica, conseguimos investir mais energia naquilo que torna o trabalho humano verdadeiramente valioso: visão estratégica, criatividade e liderança.”
Uwe Michel, sócio da Horváth, expande o horizonte de análise ao destacar que, em sua percepção, “a IA tende a substituir atividades tradicionalmente realizadas por consultores humanos. As consultorias que conseguirem aplicar a tecnologia de forma diferenciada aumentarão sua competitividade e sairão na frente”, afirma.
“A IA ganhou ainda mais força desde a edição anterior do estudo da Horváth”, diz Michel, referindo-se à pesquisa anual de prioridades dos CxOs globais. “O que observamos agora é que as empresas estão deixando a fase de testes e pilotos para trás, e partem para implementações mais abrangentes. O maior desafio não é tecnológico, e sim organizacional: há falta de gestão da mudança, baixa aceitação interna e até uma certa resistência cultural à IA, o que retarda o ritmo de adoção.”

Para Matt Klein, da North Highland, “a interseção entre força de trabalho e tecnologia tem sido o principal ponto de transformação entre clientes. Não é possível abordar um desses elementos isoladamente”, diz. “Por isso, adotamos uma visão holística das transformações. Nosso foco está em gerar valor sustentável, que continue após a nossa saída. Ou seja, buscamos não apenas resolver os desafios atuais, mas preparar as empresas para o que está por vir.”
Na visão de Eduard Dalmau, diretor da espanhola RocaSalvatella, há atualmente quatro grandes alavancas de transformação pressionando o mercado:
- Acelerador tecnológico e a IA: “O impacto da inteligência artificial e das tecnologias digitais está reconfigurando todas as indústrias. Elas nos permitem mudar a forma como entregamos valor, adaptando capacidades e oferecendo novos serviços.”
- Agilidade com entrega de resultados tangíveis: “Os clientes estão exigindo resultados mais rápidos e concretos, com menos teoria e mais ação. Contudo, isso acontece em um contexto de projetos cada vez mais complexos e tecnológicos, o que exige novas formas de gestão e execução.”
- Sustentabilidade e programas ESG: “A integração de práticas sustentáveis não é mais opcional, e sim imperativa. A consultoria precisa incorporar essas dimensões como parte integral de sua atuação.”
- Desenvolvimento de talentos digitais: “Com a revolução da IA, torna-se essencial capacitar continuamente as equipes, desenvolvendo novas competências digitais para acompanhar as mudanças.”
Já Ridzwan Hamzah, da Pemandu Associates, consultoria da Malásia, destaca entre os principais vetores de transformação:
- Agilidade e velocidade na tomada de decisão: “Em um cenário cada vez mais dinâmico, a capacidade de adaptação rápida é crítica.”
- Parcerias estratégicas entre consultorias: “Diante da complexidade dos desafios atuais, é raro que uma única firma tenha todas as respostas. Por isso, trabalhar em conjunto com outras empresas da Cordence é essencial para entregar soluções de ponta a ponta.”
Por que muitos projetos de Inteligência Artificial ainda falham?
Ao responder sobre o motivo de muitas empresas falharem na implementação de projetos com IA, e o diferencial das iniciativas que decolam, Mark Miltenburg, da State of Matter, destaca três fatores:
- Forte patrocínio da liderança: “A adoção da IA precisa ser abraçada pela alta gestão. Ela deve se tornar um foco estratégico claro dentro da organização.”
- Clareza sobre os resultados de negócio: “Implementar IA não é apenas ‘fazer o mesmo mais rápido’. É necessário repensar os problemas de negócio e usar a tecnologia para transformar a forma como eles são resolvidos.”
- Experimentação incremental: “Em vez de planejar indefinidamente, o ideal é começar logo, com pequenos experimentos, testando e aprendendo no caminho. Esse espírito ágil de ‘aprender fazendo’ é o que impulsiona as iniciativas bem-sucedidas.”
Representando a francesa Oresys, Florent Stetten Pigasse e Antoine Canonne destacaram o valor humano em meio ao impacto da revolução da IA Generativa e também da transformação como algo perene e confiável.
“Em paralelo à revolução tecnológica, cresce também a demanda por mudanças na cultura de gestão, com ênfase no engajamento e satisfação dos colaboradores. É um contraponto humano à disrupção digital”, diz Pigasse.
“A Inteligência Artificial é, sem dúvida, um fator dominante e altamente dinâmico”, complementa Canonne. “Tem transformado o nosso mercado e os negócios dos nossos clientes. Eles nos procuram justamente para ajudá-los nessa transição, mas isso não significa que devemos abandonar os pilares tradicionais, como redesenho organizacional, reestruturação de processos e os aspectos humanos da mudança. Acreditamos que é preciso ativar todos esses vetores ao mesmo tempo para oferecer uma transformação verdadeiramente eficaz e sustentável.”
A importância do Cordence Executive Meeting no Brasil
Rafael Clemente, CEO da EloGroup, falou sobre a importância de receber os executivos, líderes e representantes das empresas parceiras da Cordence Worldwide: “Tivemos a oportunidade de aproximar muito os laços com cada uma das empresas e entender quais são as estratégias delas para este ano e os próximos.”
“Para nós é realmente interessante ver como conseguimos escalar, via Cordence, a nossa capacidade de atender não só empresas nacionais quanto multinacionais numa esfera global. Isso mudou totalmente o nosso patamar e nossa capilaridade”, diz Clemente.
Para Jill Jacques, diretora da Cordence Worldwide, a entrada da EloGroup na aliança, representando a América Latina, foi extremamente enriquecedora: “Quando a EloGroup se uniu a nós, vimos uma empresa vibrante, focada em unir dados e IA em um contexto de consultoria para negócios”, afirma. “Além disso, há um forte espírito empreendedor que realmente acelera o crescimento.”
Segundo Jacques, a participação brasileira vai além da qualidade e experiência na área de consultoria: “A EloGroup nos trouxe outra perspectiva global, diversidade e uma nova maneira de pensar na rede como um todo”.
Para Davi Almeida, sócio da EloGroup, a participação na aliança abre a percepção para novas vias de crescimento, principalmente para aproveitar o contexto econômico. “Queremos entrar em contato com outras realidades e possibilidades, especialmente para dar oportunidade para os nossos consultores começarem a se expor a projetos e desafios internacionais. Trouxemos membros da Young Professionals Network (um grupo da Cordence que agrega jovens talentos das consultorias) da EloGroup, e eles puderam participar ativamente das conversas”, diz.
Almeida contou ainda sobre o “Pressure Cooker”, etapa que consistiu na resolução de um case de cliente, da qual a YPN participou junto aos líderes das outras consultorias: “Pudemos selecionar um cliente próximo de nós, que está discutindo sua estratégia de internacionalização. Criamos um contexto de análise de caso e todos os CEOs contribuíram com uma visão de como a empresa poderia internacionalizar sua operação”, explica.
A discussão foi bem recebida e gerou desdobramentos: mesmo após o evento, houve duas reuniões adicionais, uma sobre o setor de life sciences (farmacêutica, cosméticos, equipamentos médicos) e outra sobre tecnologia, dados e inteligência artificial, com foco em formas híbridas de colaboração.

Um panorama do mercado de consultoria
Por fim, Almeida destaca as discussões em torno de um relatório sobre o mercado de consultoria em 2025. O documento ressalta o que os executivos já sublinharam anteriormente: clientes têm sido levados a investir mais para sustentar suas ambições de crescimento. A tecnologia continua sendo vista como essencial, mas torna-se evidente que ela, sozinha, não basta. Com isso, cresce a expectativa de que a inteligência artificial transforme profundamente os serviços de consultoria num horizonte próximo, de um a dois anos, tornando-os não apenas melhores, mas também mais acessíveis.
A demanda global por serviços de tecnologia segue em alta, impulsionada pela transformação dos perfis tradicionais de compradores e pela crescente complexidade dos problemas enfrentados, que exigem respostas multieixo e multimodais. Nesse cenário, os clientes buscam não apenas expertise, mas impacto real e inovação, elementos fundamentais para justificar o investimento realizado.
No fim das contas, o que os clientes realmente esperam é trabalhar com empresas que atuem de forma parceira, saibam ouvi-los, compreendam suas necessidades e sejam capazes de fazer as coisas acontecerem. E é justamente aí que as empresas menores e mais inovadoras ganham vantagem: na capacidade de adaptação, escuta ativa e execução eficaz.
“Entre 2023 e 2024, houve certa preocupação com retração do setor”, diz Almeida. “Mas, ao olharmos para 2025 em diante, o cenário é muito otimista: expectativa de crescimento e de demanda intensa por soluções em IA, especialmente agentes. O que fica muito claro no mercado é a falta de clareza entre empresas sobre como começar a sua jornada com IA. É aí que a EloGroup se diferencia. Nossa abordagem é voltada para capacitar os clientes, desenvolvendo as competências necessárias para aproximar a tecnologia dos desafios de negócio”, completa.
LUCAS DE VIVO é Redator de EloInsights
MARCUS COUTO é Editor de EloInsights