Por EloInsights
- Pesquisa Tech C-Level Brasil revela últimas tendências para CTOs/CIOs, e como as TIs têm se estruturado nas empresas mais competitivas do país.
- Levantamento inédito foi realizado em parceria com o TEC Institute, que publica a MIT Technology Review.
- Um dos destaques é a figura do “Augmented CTO”, um líder de tecnologia que traz ainda mais robustez para a Transformação Digital de uma organização.
A ideia de que lideranças de negócio devem ser cada vez mais fluentes em competências de tecnologia, como aquelas que viabilizam automações avançadas, análise profunda de dados, arquitetura de sistemas, inteligência artificial, entre outras, tem se tornado praticamente um lugar-comum no mercado.
Com o avanço da Transformação Digital em diferentes indústrias, a digitalização de serviços e processos em múltiplas camadas das organizações, um líder contemporâneo não tem escolha: ele precisa se aculturar em torno dessas tecnologias, para que elas se tornem lentes para solucionar desafios de negócio. Sem esse portfólio de ferramentas, ele corre o risco de perder oportunidades de geração de valor, simplesmente por não as enxergar.
Mas a pesquisa inédita Tech C-Level Brasil 2024, realizada pela EloGroup em parceria com o TEC Institute, que publica a MIT Technology Review, revela que essa tendência está mais forte do que nunca, e demonstra um desenvolvimento: agora, os executivos de tecnologia, CTOs e CIOs, têm avançado também sobre o território dos líderes de negócio, incorporando múltiplas cadeiras, como a de Pessoas e Cultura.
Este é o caso de Daniel Knopfholz, do Boticário, que ocupa as posições de CIO e (Chief Information Office) e CHRO (Chief Human Resources Officer) da empresa.
“Minha experiência é como gestor de negócios, não tecnologia ou RH. A decisão de colocar alguém com meu perfil nessa posição foi realmente para mudar a situação. Hoje, gastamos mais em Tecnologia do que em Marketing. A linha de custos de TI é a maior, e é fundamental para o crescimento da receita”, diz Knopholz.
Ele foi um de uma dezena de executivos de algumas das empresas mais competitivas do Brasil que participaram de entrevistas em profundidade para a pesquisa. Os achados completos do levantamento podem ser encontrados na Special Edition da Tech C-Level Brasil publicada pela MIT Technology Brasil.
“Precisávamos trazer tecnologia para o core da empresa, fazer com que todos soubessem falar sobre o tema e trabalhar com pessoas da área”, diz Knopholz. “A TI deixou de ser um ponto de suporte para se tornar um elemento de decisão, parte do departamento de vendas, que decide as estratégias da organização.”
A pesquisa quantitativa foi respondida por 115 lideranças de TI brasileiras. Ela revela, ainda, como os CTOs e CIOs têm estruturado suas áreas de tecnologia, apontando tendências orçamentárias e de organização dos times.
Dentre os respondentes, 42,6% são C-level, e 26,1% diretores. 14,8% estão de 5 a 10 anos nesta posição, e 38,3% têm mais de 10 anos nessas cadeiras. O levantamento aponta um persistente desequilíbrio de gênero na liderança de tecnologia: 84,3% são homens, e 14,8%, mulheres.
“Antes, existia esse senso comum de que a tecnologia não deveria ser um fim, mas um meio para a viabilização dos objetivos de negócio”, diz Rafael Clemente, founder & CEO da EloGroup. “Isso gerou um movimento em que executivos olhavam para suas realidades, tomavam decisões sobre as metas a serem atingidas, e a partir disso, demandavam as áreas de tecnologia, para que elas entregassem aquilo que precisavam.”
“Hoje, compreendemos que essa é uma visão limitada, por uma série de razões”, diz Clemente. “Talvez, a principal delas seja que, nesse antigo contexto, a ausência de uma profunda compreensão e fluência nas tecnologias emergentes por parte dos executivos da área de Negócios fazia com que eles não fossem capazes de enxergar totalmente as oportunidades que elas traziam para, aí sim, solucionar os seus problemas.”
Apesar de 80,9% dos CTOs afirmarem na pesquisa que suas empresas já têm uma estratégia digital formalizada, 30,4% dizem que suas áreas ainda atuam numa lógica de apoio à execução da estratégia digital, como “balcão de pedidos”, enquanto apenas 12,2% enxergam a TI como uma conselheira estratégica confiável. Isso demonstra que, apesar de amadurecidas, as TIs brasileiras ainda têm largas margens de avanços possíveis no sentido de se tornarem “trusted advisors” do board.
Augmented CTO
“A tecnologia sempre teve um papel habilitador”, diz Matheus Americano, sócio da EloGroup responsável pela prática de tecnologia. “Só que antigamente ela entregava a melhor solução a partir de uma demanda, um direcionador da área de negócios. Hoje em dia, a tecnologia precisa habilitar a construção de cenários que muitas vezes as próprias áreas de negócios não conseguem imaginar. O CTO/CIO então deixa de ser apenas um viabilizador para ser também um direcionador.”
Essa mudança faz com que a figura do CTO ganhe novos contornos, que Americano chama de “Augmented CTO”. “O Augmented CTO, como intitulamos esse novo perfil, é um profissional que não apenas entende de tecnologia com profundidade, mas também domina as nuances do negócio. Não se trata mais de um executivo de tecnologia que entende um pouco de negócios ou vice-versa. Esse perfil precisa ter proficiência em ambos os conjuntos de competências para ter todas as variáveis e respostas necessárias para tomar decisões.”
Flexibilidade e o fim do período de ganhos fáceis
A pesquisa Tech C-Level Brasil 2024 ainda aponta que a necessidade por uma TI mais ágil e flexível tem se tornado uma realidade cada vez mais presente para as organizações, resultando na adoção de metodologias e frameworks ágeis, além de um crescente investimento em software como serviço e soluções de nuvem com dinâmicas contratuais e tecnológicas mais flexíveis.
Nas respostas sobre alocação de orçamento da TI estimada para 2024, 16,5% citam software como serviço, enquanto 13,9% citaram infraestrutura como serviço (IaaS) e serviços de nuvem pública. Simultaneamente, entre as competências com a maior quantidade de colaboradores de TI, agilidade, gestão e projetos aparecem como prioridade para 14,8% dos respondentes.
Destaca-se também na pesquisa a percepção de que o período de “ganhos fáceis” com a transformação digital acabou, com as empresas enfrentando uma pressão crescente por resultados tangíveis e mensuráveis. Os executivos aparecem cada vez mais focados em produtividade, redução de custos e ganho de eficiência.
Entre os KPIs mais importantes para a tomada de decisão aparecem “ganho de produtividade” (30,4%), “crescimento de receita” (21,7%) e “redução de custos” (18,3%). A mesma tendência aparece nas respostas sobre o horizonte de planejamento da estratégia, com curto prazo, de 1 a 2 anos com 45,2% das respostas, seguido por médio prazo, de 3 a 4 anos, com 32,2% e longo prazo, acima de 5 anos, com 13,9%.
Inteligência artificial
Um dos assuntos mais hypado dos últimos anos, a aplicação de inteligência artificial para solucionar problemas de negócios já aparece como uma tendência entre os respondentes.
Apesar de a análise de dados e business inteligente mais tradicionais aparecerem como a maior parte dos casos de uso, com 66%, várias outras verticais já despontam como candidatas a first-movers na integração de IA Generativa, como atendimento ao cliente (54%), desenvolvimento de produtos e serviços (40%) e marketing (24%).
“O futuro pertence àqueles que compreendem o poder dos dados e têm a capacidade de traduzi-los em ações estratégicas, usando a tecnologia como um catalisador para gerar valor em escala”, diz Marcio Pupin, sócio da EloGroup responsável pela prática de Inteligência Artificial. “Ser data-driven deixou de ser um diferencial e passou a ser essencial.”