Por EloInsights
- Estudo da consultoria Horváth aponta a Transformação Digital, impulsionada pela IA, como a maior prioridade para executivos globais.
- A IA generativa é uma tendência-chave, embora muitas empresas enfrentem dificuldades na sua implementação.
- Empresas, especialmente no setor de manufatura, estão focadas em melhorar a eficiência de custos e a rentabilidade, devido a pressões econômicas, interrupções nas cadeias de suprimentos e aumento da concorrência.
A retomada da Transformação Digital no topo da lista de prioridades da alta liderança executiva global, impulsionada pelo grande interesse em projetos de Inteligência Artificial: este foi um dos principais achados do 5º Estudo Anual de Prioridades de CxO da Horváth, consultoria global e independente de gestão, com mais de 1.400 talentos em escritórios na Europa, Estados Unidos e outros mercados globais. A Horváth é uma das integrantes da Cordence, rede global de consultorias independentes da qual a EloGroup também faz parte, e compartilha conosco os valiosos insights obtidos a partir deste levantamento exclusivo.
“A transformação digital continua sendo a principal prioridade para o setor de serviços”, afirma o documento. “Isso é impulsionado, sobretudo, pelos avanços na IA, que desempenha um papel crucial nas operações internas e nas interações com os clientes.”
“Transformação Digital é claramente o tema do futuro para maior parte das empresas”, diz Davi Almeida, sócio da EloGroup. “Principalmente para as empresas mais tradicionais, existe uma pressão constante de novos concorrentes que já nascem digitais, com competências e métodos de trabalho mais alinhados com esse novo formato de atuar.”
“IA é só a mais nova tendência dentro de transformação, que já vinha crescendo fortemente e explodiu com a popularização da IA Generativa”, diz Almeida. “Todas as empresas, em maior ou menor grau, estão experimentando com a tecnologia e aprendendo a melhor forma de avançar com o tema nos seus desafios internos.”
O estudo foi realizado a partir de diálogos individuais com mais de 770 CxOs globais, ao longo de 8 semanas. Do total de entrevistados, cerca de 40% são CEOs de empresas com sedes em 29 países. Os 5 tópicos focais das entrevistas incluíram “Prioridades estratégicas”, “Desenvolvimento de receita e EBIT”, “Tendência e posicionamento de mercado”, “Cadeias de valor e força de trabalho”, “Segurança cibernética e IA”. Foram mais de 550 horas de discussões individualizadas com esses tomadores de decisão, investigando tendências de 14 setores da indústria, incluindo o automobilístico, de engenharia, bens de consumo, varejo, energia, entre outros.
Inteligência Artificial com inteligência
Apesar da força da tendência da adoção da Inteligência Artificial, quase 50% das empresas pesquisadas ainda estão no início do processo de adoção da IA. Atingir o estado desejado continua sendo um esforço mais longo.
O estudo ressalta ainda que, sem uma abordagem estruturada, as empresas correm o risco de cair no “Vale da Desilusão” e ver projetos de IA falharem, por não estarem baseados nas melhores práticas já experimentadas no mercado. “Para capitalizar totalmente os potenciais tecnológicos”, afirma o documento, “as empresas devem definir uma estratégia clara de IA, estabelecer um modelo operacional estruturado com metas e cultivar as competências necessárias.”
“A maior parte das empresas entende a necessidade de explorar o potencial da IA, mas sofrem com o mesmo problema: a dificuldade de implantação”, afirma Davi Almeida. “Diversos estudos têm mostrado que cerca de 80% das tentativas de implantação de IA falham. Isso ocorre por vários motivos: empresas que nunca trabalharam com IA tentando resolver problemas muito complexos logo de cara, baixa preocupação com a fundação de dados que vai ser necessária para colocar a solução para funcionar, baixa cultura de uso de dados de muitas empresas.”
Entre as aplicações de Inteligência Artificial já observadas está o aumento de eficiência operacional, melhoria de experiências dos clientes e impulsionamento de novos modelos de negócios.
“A certeza é que, quanto mais rápido as empresas brasileiras aprenderem a trabalhar com soluções de IA, mas rápido elas gerarão valor em larga escala”, afirma Almeida.
Prioridade dois: melhoria das estruturas de custo e lucro
Outro achado importante do estudo é que os diferentes setores estão hoje enfrentando pressões de custo e liquidez, “decorrentes da evolução moderada da receita e do excesso de capacidade, combinados com o aumento dos preços das matérias-primas, altos estoques e interrupções na cadeia de suprimentos “. Ao mesmo tempo, a margem de repasse dos aumentos de preços ao consumidor é limitada devido ao excesso de capacidade e à intensificação da concorrência. Consequentemente, as empresas têm se visto na posição de revisar estruturas e simplificar operações.
No recorte das empresas do setor de manufatura, essa preocupação é ainda maior, e ocupa o primeiro lugar nas prioridades dos executivos. “A reconfiguração de longo prazo das cadeias de valor em direção à resiliência e a uma lógica ‘da região para a região’ impulsiona a reorganização de estruturas e processos”, afirma o documento. “Em resposta a esses desenvolvimentos, as empresas têm se concentrado no desenvolvimento de habilidades e na redistribuição de responsabilidades para descentralizar a tomada de decisões.”
“Eficiência foi um dos principais temas que apareceram na pesquisa e é repetidamente priorizado pela maior parte das indústrias, ano após ano”, afirma Almeida. “Uma das maiores contribuições que a IA pode trazer é exatamente nesse sentido. Seja automatizando trabalhos que seriam feitos de forma manual (principalmente em processos corporativos) ou criando melhor capacidade de previsão (para compras, para investimentos em expansão etc), o uso de algoritmos mais avançados traz ganhos muito rápidos e de larga escala para qualquer tipo de empresa.”
Prioridade três: cibersegurança
O estudo registrou ainda uma consolidação em torno do senso de importância e urgência de investimentos em cibersegurança, em um contexto em que as empresas enfrentaram um grande número de ciberataques nos últimos 12 meses. A indústria de defesa, especialmente, enfrentou dificuldades com ciberataques.
Consequentemente, a cibersegurança continua sendo uma preocupação fundamental da gestão, não apenas para mitigar ameaças, mas também devido às exigências regulatórias, especialmente no setor financeiro.
Apesar das defesas bem-sucedidas até certo ponto, existe um consenso de que ainda é muito importante continuar a evoluir competências de segurança digital e estratégias de planejamento contingencial, em um cenário de possíveis ciberataques de grande impacto.
Conclusão: reequilibrando para um futuro dinâmico
O estudo da Horváth revela que as empresas estão priorizando a transformação digital, impulsionada pelos avanços da IA, para garantir o crescimento de médio a longo prazo. O estudo também destaca que, embora muitas empresas estejam nos estágios iniciais da adoção de IA, os investimentos nessa tecnologia estão gerando retornos rápidos.
Além disso, a pesquisa enfatiza a importância da resiliência e adaptabilidade na navegação por um cenário global dinâmico. As empresas estão mudando seu foco para cadeias de valor “na região para a região”, impulsionando a reorganização de estruturas e processos, particularmente no setor de manufatura.
A melhoria das estruturas de custo e lucro surgiu como uma prioridade principal, especialmente para a indústria manufatureira. Esse foco é atribuído às condições econômicas e à reconfiguração de longo prazo das cadeias de valor. No entanto, o estudo observa uma mudança nas discussões em nível de diretoria, com as empresas dedicando mais tempo aos mecanismos de crescimento da receita, incluindo a penetração de mercado e o desenvolvimento de novos produtos/serviços.
O estudo também ressalta a contínua importância da cibersegurança como uma preocupação gerencial, particularmente no setor financeiro. Embora muitas empresas tenham se defendido com sucesso contra ciberataques, o relatório destaca a necessidade de planejamento contingencial em face de ameaças de alto impacto em potencial.
Em última análise, o estudo reforça a necessidade de as empresas reequilibrarem suas organizações para prosperar em um mundo cada vez mais digital, desglobalizado e dinâmico. Esse reequilíbrio exige uma abordagem estratégica para a transformação digital, um foco em resiliência e operações regionalizadas, além de um renovado compromisso com a cibersegurança.