Por EloInsights
- Embora investir em DE&I traga benefícios significativos para as empresas, setores como a indústria ainda enfrentam desafios para estabelecer um ambiente verdadeiramente diverso.
- O Grupo EcoRodovias é um case de sucesso na atração, recrutamento e retenção de mulheres em sua força de trabalho.
- Em entrevista ao EloInsights, Débora Toti, Coordenadora de Cultura, Diversidade, Equidade e Inclusão do Grupo EcoRodovias, conta em detalhes como se deu o processo de transformação da companhia.
Com as demandas atuais do mercado, investir em Diversidade, Equidade e Inclusão (DE&I) deixou de ser só uma tendência para se tornar uma estratégia crucial para a geração de valor e o sucesso nos negócios. Uma organização composta por diferentes gêneros, raças, origens e experiências pode ter ganhos significativos.
Contudo, alguns setores ainda apresentam dificuldades na atração, recrutamento e retenção de mulheres, especialmente na Operação, em que apenas 25% da força de trabalho e 29% das lideranças são femininas.
Foi pensando nesse desafio que a EloGroup desenvolveu o report “Mulheres na Operação”, que fornece um guia de boas práticas para promover mudanças culturais e estruturais nas organizações, a fim de ampliar a presença de mulheres em cargos operacionais. Para a elaboração desse material, foram analisados cases de sucesso desenvolvidos em grandes companhias, como o Grupo EcoRodovias, por meio de desk research e benckmarks.
“A ausência de mulheres, associada a vieses inconscientes, limita o potencial da organização. Por meio de projetos de combate ao preconceito, é possível mudar a cultura da empresa e obter resultados positivos para os colaboradores e para o negócio”, explica Débora Toti, Coordenadora de Cultura, Diversidade, Equidade e Inclusão da EcoRodovias.
A especialista esteve à frente da implementação de diversos projetos de DE&I voltados ao crescimento do número de mulheres na companhia. Nesta conversa com o EloInsights, Débora Toti entra em detalhes sobre como ocorreu o processo de transformação da EcoRodovias.
Ela relata quais foram as principais dificuldades encontradas, o que norteou a implementação dos projetos, como essas mudanças impactaram no funcionamento da empresa e muito mais. Leia a entrevista:
Quais foram as principais dores, ou gatilhos, que levaram o Grupo EcoRodovias a olhar de forma mais estruturada para a necessidade de trazer mulheres para os cargos de operação?
A desigualdade de gênero nos cargos operacionais, historicamente dominados por homens, foi o principal gatilho para o Grupo EcoRodovias intensificar seus esforços na busca por mais diversidade. A empresa percebeu que a ausência de mulheres em áreas como a operação da rodovia, associada a vieses inconscientes, limitava o potencial da organização.
Entender e combater preconceitos, como a ideia de que mulheres não seriam capazes de realizar tarefas físicas – operar um guincho no resgate a usuários, por exemplo – ou que elas estariam mais vulneráveis a assédios, foi crucial para a tomada de ação.
Para transformar a realidade e aumentar a presença feminina em cargos operacionais, a EcoRodovias implementou diversas iniciativas. Entre elas, destacam-se:
Treinamento e conscientização: a empresa promoveu treinamentos para líderes e equipes administrativas e operacionais, com foco em diversidade, equidade e inclusão, além de abordar os vieses inconscientes que podem dificultar a promoção da igualdade de gênero; Seleção inclusiva: a EcoRodovias adotou processos seletivos mais justos, como o currículo oculto, e implementou vagas afirmativas para mulheres; e Divulgação e reconhecimento: a empresa valoriza e divulga cases de sucesso de mulheres em cargos operacionais, inspirando outras colaboradoras e fortalecendo a marca empregadora.
Graças a essas ações, a EcoRodovias conseguiu quebrar paradigmas e criar um ambiente de trabalho mais inclusivo. Hoje, é comum ver mulheres atuando em áreas antes consideradas exclusivamente masculinas, como na inspeção de tráfego ou operando guinchos de socorro mecânico. A diversidade se tornou parte da cultura da empresa e os resultados são positivos tanto para os colaboradores quanto para o negócio.
Apesar dos avanços já citados, a EcoRodovias continua engajada em promover a diversidade e a equidade. A empresa mantém programas de vagas afirmativas e busca constantemente novas formas de fortalecer sua cultura inclusiva, promovendo capacitações, por exemplo.
Quais foram as inspirações e os norteadores utilizados para conduzir esse trabalho dentro da empresa?
Os indicadores de diversidade foram a bússola que guiou todo o processo. A empresa criou um painel específico para acompanhar a evolução da representatividade feminina e de outros grupos sociais. Além disso, a crença de que a diversidade, a equidade e a inclusão são valores fundamentais e que impacta positivamente a cultura organizacional foi um motor importante para a iniciativa.
A empresa encontrou barreiras durante a condução desse projeto?
A principal barreira foi a mudança cultural. Vencer preconceitos arraigados, tanto por parte dos colaboradores quanto pelas próprias candidatas, foi um desafio constante. A dificuldade em atrair mulheres para áreas tradicionalmente masculinas e a necessidade de criar um ambiente de trabalho inclusivo foram outros obstáculos que precisaram ser superados.
Uma das ações implementadas pela EcoRodovias foi o “currículo sem gênero”. Como foi essa iniciativa foi recebida? Quais os principais benefícios que isso trouxe?
O currículo sem gênero foi um ponto de virada. Ao eliminar informações que poderiam gerar vieses, a empresa conseguiu identificar e contratar talentos femininos que, de outra forma, poderiam ter sido descartados. Essa prática ajudou a quebrar paradigmas e a abrir portas para mais mulheres.
Vocês conduziram também um programa de mentoria voltada para os homens. Qual foi a importância desse movimento para o sucesso da iniciativa de alavancar as mulheres na organização?
A mentoria para homens foi um complemento fundamental ao programa de diversidade. Em 2020, percebemos que a maioria dos cargos de liderança era ocupada por homens, que detinham o poder de decisão nas contratações e promoções. Ao envolver os homens na discussão sobre gênero e equidade, a empresa conseguiu criar aliados e multiplicadores da mudança. Essa iniciativa contribuiu para a construção de um ambiente mais colaborativo e respeitoso.
Em 2022, estabelecemos a meta de alcançar 50% de mulheres e 35% de pessoas negras em posições de liderança até 2030, meta que faz parte da Agenda ESG da companhia. O sucesso da mentoria para os homens foi tanto que nos motivou a repetir a iniciativa neste ano.
Quais os principais vieses inconscientes negativos, relacionados à presença de mulheres na operação, vocês perceberam na condução do projeto?
A EcoRodovias aprendeu que a mudança cultural é um processo contínuo e que exige persistência. A empresa compreendeu a importância de desafiar os próprios preconceitos e de criar um ambiente onde todos se sintam valorizados e respeitados. Além disso, percebeu que a diversidade não é apenas um objetivo social, mas também um fator estratégico para o sucesso do negócio.
Quais os principais aprendizados obtidos durante a condução desses projetos?
Ao longo de nossa jornada pela diversidade, equidade e inclusão, compreendemos que a mudança cultural é um processo constante. A sociedade como um todo carrega preconceitos que se refletem no ambiente corporativo. Por isso, é fundamental educar e conscientizar todos os colaboradores sobre a importância da equidade de gênero e os impactos dos vieses inconscientes.
Aprendemos que ações afirmativas, como vagas reservadas e programas de mentoria, são essenciais, mas não suficientes. É preciso que todos se conectem com os valores da empresa e entendam o porquê dessas iniciativas. A intencionalidade é fundamental para promover mudanças duradouras.
Ao colocar em prática essas ações, consolidamos programas como vagas afirmativas e mentorias (aceleração de carreira), que têm nos ajudado a alcançar nossos objetivos e a construir uma cultura mais inclusiva.
Sabemos que empresas mais diversas são mais competitivas, criativas e podem ter até um melhor desempenho financeiro. Como ter mais mulheres em suas equipes tem contribuído para o crescimento do Grupo EcoRodovias?
A presença de mais mulheres em cargos de liderança e em áreas operacionais tem trazido novas perspectivas e soluções para a empresa. A diversidade de ideias e experiências contribui para a inovação e a melhoria dos resultados. Além disso, a EcoRodovias tem se consolidado como uma empresa mais atraente para talentos e fortalecendo sua marca empregadora.
A EcoRodovias, ao investir em diversidade, equidade e inclusão, não apenas cumpriu seu papel social, mas também obteve resultados positivos para o negócio. A jornada foi desafiadora, mas as conquistas comprovam que a diversidade é um caminho sem volta para as empresas que buscam um futuro mais justo e próspero.
Nossa Agenda ESG 2030 prioriza a inovação e a transformação digital, buscando desenvolver novas tecnologias e otimizar nossos processos. Acreditamos que a diversidade de nosso capital humano é fundamental para alcançarmos esses objetivos.